Quando a obrigação de vencer atrapalha

Por Unknown Nesta domingo, 29 de maio de 2016 | 17:40


Edgardo Bauza, treinador do São Paulo Foto: JovemPan



Boa tarde amigos do Brasil! Depois de muito tempo sem escrever, estou retornando com todo gás e cheio de vontade! Bom, chega de lengalenga! Vamos ao que interessa! Vencer, que palavra saborosa e cheia de energia, não é mesmo?! Mas por que vencer se torna uma obrigação?

Bom, isso depende bastante do seu ponto de vista. O que é vencer para você? O que você considera como vencer? Essas e tantas outras formas de vencer sempre confundem e nos fazem a pensar: Vencer é tudo na vida? Bom... No esporte e no futebol principalmente, sim! Vemos o tempo todo no futebol tupiniquim troca e mais trocas de comando, mas o que causa essa troca de comando? Resultados? Estilo de trabalho? Pressão da torcida? Não, um bom trabalho depende de duas coisas; perfil e PLANEJAMENTO. (Isso mesmo, caixa alta.).

O futebol brasileiro vive cometendo os mesmos erros uns 10 ou 20 anos. Resultados ruins não é necessariamente uma responsabilidade do treinador, mas por analogia e principalmente irracionalidade e emoção nossa (típica dos humanos) cometemos um mal julgo das coisas. Nem sempre um insucesso é culpa do treinador. Existe uma série de questões para tal.

E posso te citar algumas, vamos a elas?! Edgardo Bauza, treinador do São Paulo. Começou seu trabalho com status de salvador e revolucionário, mas o começo de sua passagem fora desastrosa. Eliminação no paulista (com goleada pro Audax), má campanha na libertadores e etc. Mas aí que a coisa muda de figura e te faço uma pergunta: O que você faria se fosse o presidente ou diretor do clube, analisando o histórico do treinador do primeiro semestre?

Bom, acredito que por um segundo você o mandaria pra rua, né? Pois é, mas o segredo do atual momento de sucesso do São Paulo se dá pelo prosseguimento no planejamento e claro, com reforços e TEMPO para desenvolver o trabalho. Tite é outro exemplo de que a aposta no planejamento e a blindagem bem feita são fatores fundamentais para se por a prova um trabalho.

Eliminação na pré-libertadores (em 2011), saída inesperada de Ronaldo e quebra-quebra no CT. Tite conseguiu o que poucos conseguem. Ganhar o vestiário e a confiança da torcida. Resultado disto, foram os títulos da libertadores, paulista, brasileiro e mundial. Se todos pensassem um pouco antes de agir veriam que no futebol, imediatismo só atrapalha.

Tite atualmente no Corinthians Foto: Esporteinterativo
De quem é a culpa por um trabalho ruim de um técnico? Do sujeito que não entende de esquema tático ou de quem o contrata? Por isso planejamento é fundamental antes de se contratar um técnico, Muricy Ramalho é outro exemplo. Campeão por onde passou, Muricy se afastou por problema de saúde ano passado e regressou este ano como treinador, mais precisamente no Flamengo.

Palavras bonitas, promessa de nova filosofia e aí tudo cai por terra com a volta do "Muricyball". Time perdido, sem orientação e posicionamento tático, chuveirinho direto na área adversária e tudo mais. Fracassos, eliminações e freguesia para o maior rival. Mas eu te pergunto: De quem é a culpa? Time? Torcida? Treinador? Ou é de quem contratou o cara?

Não adianta contratar sem analisar perfil e planejar o ano. O erro é analisar o passado projetando o futuro e infelizmente Muricy mostrou-se obsoleto e sem perfil renovado. Claro que futebol não é uma ciência exata, mas pode e DEVE ser planejada e isso é praticamente inexistente no futebol nacional.

Voltamos ao Bauza. Depois de má campanha na primeira fase da libertadores, Bauza se mostrou sereno e manteve o grupo em suas mãos e com tempo e trabalho, conseguiu implantar seu estilo de jogo, conseguindo avançar às semifinais da libertadores. Mas quem é o responsável pelo sucesso atual do São Paulo? Treinador, time ou diretoria? A resposta é... Todos! A diretoria acertou ao mantê-lo no cargo mesmo após sua série de insucessos no primeiro semestre. O time comprou a ideia do treinador e se adequou quase que de maneira uniforme ao seu estilo de jogo. O treinador é cascudo e conhece o caminho das pedras e entende a competição (a libertadores), isso lhe dá uma bela vantagem. A torcida entendeu o momento de transição e de resgate do relacionamento com o time.

Turbulências nem sempre são sinal de mau negócio na hora de escolher o treinador, por isso vencer acaba se tornando uma obrigação. Claro que isso não é ruim, mas a pressão exagerada por resultado, não deixam transparecer o trabalho do dia-a-dia. Como diz o ditado, a pressa é inimiga da perfeição...

Muricy Ramalho durante partida do Flamengo Foto: GilvandeSousa/Flamengo
Vencer e desejar vencer são fundamentais para qualquer trabalho na vida e no esporte, mas quando essas obsessões nos cegam perdemos o real senso das coisas. Muricy tem um belo currículo e tem boa postura profissional, mas está parado no tempo como treinador, teve tempo e teve bom time para trabalhar e uma estrutura de certa forma aceitável. Resultado, insucesso. Por quê? Culpa dele? Não! De quem o contratou!

Eu também achei que Muricy daria certo no Flamengo, mas tão logo vi que, o planejamento estava errado e a consequência disso foram os fiascos ao longo do primeiro semestre. Time sem lugar fixo para jogar, viagens e mais viagens, planejamento de contratações erradas (e com a participação do treinador) e claro, o pensamento antiquado em relação ao esquema de jogo.

Mas por que Bauza está tendo sucesso? Por que, além do respaldo e do comprometimento do treinador com o trabalho dentro e fora das quatro linhas, Bauza tem algo que Muricy ao que parece perdeu ou não enxerga: O futebol não é mais o mesmo de 10 anos atrás. "Ah, mas o Bauza joga com o time retrancado!", Mas o Bauza tem uma coisa que o Muricy não teve, definição de função e posição das peças em campo. Ele (o Bauza) achou um jeito de o time render e jogar. Mas como ele fez isso? Perfil e planejamento meus amigos!

Não acho o Bauza um "senhor técnico", mas ele é competente no que faz e de certa forma é um cara ligado no que há de "novo" por assim dizer. Muito se fala em futebol moderno, mas jogávamos esse futebol moderno em 82 e ninguém se lembra. "Mas como o Muricy está ultrapassado se ele foi para a Europa estudar e se atualizar"? Por seu método de trabalho e visão de posicionamento não terem evoluído com o tempo que ele passou lá.

Os Europeus jogam como nós jogávamos no passado, porém trabalham com metodologia própria e planejamento sério e de longo prazo. Por isso não vemos tantas quedas de treinador, pois a cultura de trabalho é outra.

Por isso o Bauza tem êxito no que faz. Ele pode ter um estilo retranqueiro, mas é um cara que sabe trabalhar em longo prazo e teve o respaldo da diretoria. Se ele vai dar certo no brasileirão, não sei só o futuro dirá. Mas mandar ele embora por uma série de resultados sem sucesso seria injusto, pelo bom trabalho no comando do São Paulo atualmente.

Felipão e Parreira durante a Copa do Mundo Foto: Veja.Abril
Vencer é uma obrigação sim, mas atrapalhar um planejamento a custa de imediatismo sempre causa resultados desastrosos. 7 a 1 foi pouco castigo, deveria ter sido uns 10!

Nossa seleção é um exemplo de puro imediatismo e má organização. A obrigação de vencer em casa e de obter resultados expressivos deu no que deu. Perdemos de lavada na Copa do Mundo em 2014, mas quem foi o culpado? Felipão? Parreira? Não, quem os colocou lá! Toda a pressão da mídia e sociedade aliado ao mal planejamento e total desconhecimento de gestão da CBF e aliado aos fatores passados resultaram no que vimos.

Vencer é essencial no esporte e todo mundo gosta, mas quando essa obsessão é irracional e sem lógica, nenhum trabalho terá êxito. Digo e repito: 7 a 1 foi pouco castigo, deveria ter sido 10!

Tchau e um forte abraço!

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